A palavra
“incorporar” tem vários significados:
- Ela nos dá a idéia de unir,(incorporar
alguma coisa a algo que já temos; unir
conceitos ou práticas);
- Igualmente, nos traz o sentido de reunir ou
fazer fusões,(de empresas, instituições, etc.);
- Também a de introduzir,(incorporar
um conceito: assimilar
e aplicar esse conceito a alguma coisa que já fazemos);
- E ainda sugere a idéia de dar forma
física, forma material ou forma corpórea, (dar corpo).
Na Umbanda, dentro do campo da mediunidade, falar em “incorporação”
sugere a idéia de “dar passagem a uma Entidade”, geralmente um Guia Espiritual
que vem trazendo uma mensagem de orientação; outras vezes, ocorre a incorporação de
Encantados (ex.: a de Crianças) ou a de Naturais (ex.: a do Orixá do médium).
E a vontade de incorporar deixa muitos médiuns angustiados !
Uns, porque temem o fenômeno- esquecidos de que, na incorporação o que
acontece é uma espécie de união de dois mentais : o
do Guia Espiritual ou Entidade e o do médium, que se sintonizam, “unindo” os
respectivos campos áuricos, para que um possa expressar suas idéias e “falar
com a voz do outro”- isso, resumindo na forma mais simples.
Mas o que vai “ganhar corpo”, ou “ganhar forma”, é a expressão das
idéias do Guia Espiritual ou da Entidade, bem como a energia do arquétipo. Ao
incorporar, os Amparadores da Luz certamente que não se apossam do corpo do
médium, apenas irão moldá-lo às próprias características, fazendo com que o
médium assuma todo um gestual e movimentos de apresentação do arquétipo que
representam, (postura corporal, dança, giros, forma de caminhar, ritmo etc.). E aqui se pode, inclusive,
distinguir a psicofonia, estudada no Espiritismo, da mediunidade de
incorporação na Umbanda. A incorporação é mais do que “falar por intermédio do
outro”, pois também envolve que o médium assuma características do Ser que se
manifesta por meio da sua mediunidade e não se limita à comunicação com
espíritos desencarnados.
No início da atividade mediúnica, acontece de o médium ficar angustiado,
querendo logo incorporar, para “se sentir médium”; ignorando talvez que existem
outras formas de mediunidade, igualmente importantes, tais como:
a) a intuitiva ou de pressentimentos - na qual o médium
sente ou recebe intuições de Guias Espirituais e Entidades, (sem vê-los e nem
ouvi-los, propriamente);
b) a sensitiva- na qual o médium “sente” a
presença de espíritos ou de energias extra físicas, (sem vê-los ou ouvi-los);
c) a auditiva- na qual o médium apenas ouve as
mensagens dos espíritos ou das Entidades;
d) a da clarividência- na qual o médium vê
os seres e/ou energias astrais do local onde está ou de um lugar no espaço
distante dali ; ou visualizando “cenas do
passado” ; ou ainda pela psicometria,
(“vendo” cenas do passado ou captando energias do passado, ao tocar objetos,
roupas, etc.);
e) de desdobramento ou sonambúlica.Não confundir com sonambulismo,
situação em que a pessoa adormece e fala, ela mesma, sobre o que está à sua
volta. Porque no desdobramento o médium “se solta”, desprende-se parcialmente
do corpo físico, acessa e descreve o que está vendo da realidade não-material,
podendo receber e passar as mensagens que os espíritos ou Entidades vão ditando (exemplo raro: Chico Xavier psicografava numa
reunião mediúnica em Minas Gerais. Em desdobramento, participou de uma reunião
mediúnica extra física e lá também psicografou, transmitindo a mensagem de um
filho desencarnado à mãe também desencarnada. Mãe e filho se encontravam em
regiões astralinas diversas, a mãe sofria por não ter notícias dele.);
f) psicografia- na qual o médium escreve textos
ditados pelos espíritos e Entidades ou, então, sob a orientação deles, a partir
de idéias básicas que recebe e desenvolve;
g) de cura- pela qual, mesmo sem
incorporar, o médium pode aplicar passes que irradiam energias de cura, bem
como fazer projeções de energias curadoras à distância;
h) a que permite falar ou entender línguas estrangeiras que não são do
conhecimento do médium, que é a xenoglossia ;
i) a que permite pintar ou desenhar, sob a instrução de artistas já desencarnados; também chamada de pictórica ou
pintura mediúnica;
j) a olfativa,
que permite ao médium sentir perfumes e odores de uma realidade não-física;
i) a de materialização, pela qual os Guias Espirituais
e Entidades se utilizam de energias do médium, (ectoplasma), para se
materializar diante das pessoas ou para materializar objetos etc. Exemplo
elevado é o de Jesus que, entre outros, materializou: pães e peixes para a multidão que o
acompanhava ; fez surgir uma abundância de peixes na
rede dos pescadores ; transformou água em vinho, nas Bodas
de Canaã.
As orientações que recebemos na Umbanda através da mediunidade de
incorporação são importantes. Contudo,
há outras formas de nos comunicarmos com a Espiritualidade e de trazermos esse
aprendizado para a nossa vida.
Incorporar, “receber o Guia”, não é o mais importante. Fundamental é que
nos dediquemos a assimilar as orientações e os exemplos dos Guias Espirituais e
das Entidades que nos amparam, procurando entender-lhes o sentido para
aplicá-los em nossa vida diária e ficando atentos para as intuições que eles
nos dão, (que podem chegar como novas idéias, como sensações, até como perfumes
e odores variados que, de repente, invadem o ambiente etc.).
Importante é “incorporar”, (assimilar e aplicar), o fundamento da mensagem,
assim como a lição embutida no exemplo de conduta dos Guias Espirituais diante
de um consulente ou de um médium “difícil”, buscando analisar o quanto aquilo
pode ter aplicação útil em nosso dia-a-dia.
Espiritualidade não é algo para se viver apenas entre as paredes do
Terreiro. É algo para vivermos “dentro de nós”, em silêncio, com naturalidade,
sem alarde, sem roupa especial, sem dia marcado, sem que ninguém precise
elogiar e aplaudir. É um caminho interno, é aprender a olhar tudo com os olhos
da alma, porque isso vai nos ajudar a encontrar novas soluções, novas formas de
viver e enxergar a vida “lá fora”.
Não tem sentido fazer as coisas para se receber elogios. O essencial é
fazermos as coisas em que acreditamos, pelo bem que elas representam. Agir
assim nos livra de muitas mágoas, de muitas bobagens... Espiritualidade é algo que nos ajuda a
caminhar de mãos dadas com os outros, pelo prazer de ajudar e participar,
apesar de sermos diferentes, apesar de pensarmos de forma diferente, apesar dos
pesares...
Ser médium é ser veículo, canal, meio de
comunicação. Dentro e fora do Terreiro.
A melhor forma de transmitirmos as mensagens do Astral é colocá-las na
prática : em família, no trabalho, com os
amigos, com os vizinhos, com as pessoas “difíceis”...
Espiritualidade é união, é a “incorporação”, (assimilação e aplicação),
do verdadeiro sentido da vida : somos todos filhos de Deus,
somos todos feitos de Luz, temos valores e méritos, mas também temos nossas
limitações e lições a aprender.
Incorporar o Guia não é tudo, é apenas uma parte das infinitas
possibilidades de aprendizado que a Vida nos concede, inclusive no campo
mediúnico.
Portanto, no desenvolvimento mediúnico, não nos preocupemos apenas em
girar, em rodar, para “mostrar que o Guia chegou”... Na verdade, os Guias e
Entidades chegam ali muito antes de nós, preparando o ambiente para o trabalho.
Bom mesmo será a gente conseguir abrir o coração, para incorporar, (assimilar,
absorver), os ensinamentos do Astral e colocá-los em prática.
E, se o Guia quiser incorporar, por favor : entregue-se,
deixe, permita-se a experiência ! Não perca mais tempo se perguntando : “Será
que sou eu, será que é o Guia...? Abra
o coração ! Busque o contato com a Espiritualidade, que a resposta virá, do
jeito que precisa e pode vir, sem dificuldade, naturalmente, e só por um motivo : somos
seres espirituais !
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